Primeiros avanços da química
O princípio do domínio da química (que para alguns
antropólogos coincide com o princípio do
homem moderno) é o domínio do
fogo. Há indícios de que faz mais de 500.000 anos, em tempos do
Homo erectus, algumas
tribos conseguiram este sucesso que ainda hoje é uma das tecnologias mais importantes. Não só dava
luz e
calor na
noite, como ajudava a proteger-se contra os animais selvagens. Também permitia a preparação de
comida cozida. Esta continha menos
microorganismos patogênicos e era mais facilmente
digerida. Assim, baixava-se a
mortalidade e melhoravam as condições gerais de vida.
Desde este momento teve uma relação intensa entre as cozinhas e os primeiros
laboratórios químicos até o ponto que a
pólvora negra foi descoberta por uns cozinheiros chineses.
Finalmente, foram imprescindíveis para o futuro desenvolvimento da
metalurgia materiais como a
cerâmica e o
vidro, além da maioria dos processos químicos.
A metalurgia
A metalurgia como um dos principais processos de transformação utilizados até hoje começou com o descobrimento do cobre. Ainda que exista na natureza como Elemento químico, a maior parte acha-se em forma de
minerais como a calcopirita, a
azurita ou a
malaquita. Especialmente as últimas são facilmente reduzidas ao metal. Supõe-se que algumas
jóias fabricadas de algum destes minerais e caídas acidentalmente ao fogo levaram ao desenvolvimento dos processos correspondentes para obter o metal.
Depois, por experimentação ou como resultado de misturas acidentais se descobriu que as propriedades mecânicas do cobre podiam-se melhorar em suas ligas de metais. Especial sucesso teve a
liga de metais do cobre com o
estanho e traças de outros elementos como o
arsênico — liga conhecida como
bronze — que se conseguiu de forma aparentemente independente no Oriente Próximo e na China, desde onde se estendeu por quase todo o mundo e que deu o nome à
Idade do Bronze.
Os
Hititas foram um dos primeiros povos a obter o
ferro a partir dos seus minerais. Este processo é muito mais complicado já que requer
temperaturas mais elevadas e, portanto, a construção de
fornos especiais. No entanto, o metal obtido assim era de baixa qualidade com um elevado conteúdo em
carbono, tendo que ser melhorado em diversos processos de purificação e, posteriormente, ser forjado. A humanidade demorou séculos para desenvolver os processos actuais de obtenção de
aço (geralmente por
oxidação das impurezas insuflando
oxigênio ou
ar no metal fundido, processo conhecido com o nome de "
processo de Bessemer"). O seu domínio foi um dos pilares da
Revolução Industrial.
Outra meta metalúrgica foi a obtenção do
alumínio. Descoberto a princípios do
século XIX e, no princípio, obtido por redução dos seus
sais com
metais alcalinos, destacou-se pela sua rapidez. O seu
preço superou o do
ouro e era tão apreciado que uns
talheres presenteados à
corte francesa foram fabricados neste metal. Com o descobrimento da síntese por
electrólise e posteriormente o desenvolvimento dos geradores
eléctricos, o seu preço caiu, abrindo-se novo.
A cerâmica
Outro campo de desenvolvimento que acompanhou o homem desde a Antiguidade até o
laboratório moderno é a
cerâmica. Suas origens datam da
pré-história, quando o homem descobriu que os recipientes feitos de
argila mudavam as suas características mecânicas e incrementavam sua resistência frente à
água se eram esquentados no
fogo. Para controlar melhor o processo desenvolveram-se diferentes tipos de fornos. No
Egipto descobriu-se que, recobrindo a superfície com misturas de determinados minerais (sobretudo misturas baseadas no
feldspato e a
galena, esta se cobria com uma capa muito dura e brilhante, o
esmalte, cuja
cor podia variar livremente adicionando pequenas quantidades de outros minerais e/ou condições de aeração no forno). Estas
tecnologias difundiram-se rapidamente. Na
China aperfeiçoaram-se as tecnologias de fabricação das cerâmicas até descobrir a
porcelana no
século VII. Somente no
século XVIII foi que
Johann Friedrich Böttger reinventou o processo na Europa.
Relacionado com o desenvolvimento da cerâmica está o desenvolvimento do
vidro a partir do
quartzo e do
carbonato de sódio ou de
potássio. O seu desenvolvimento igualmente começou no
Antigo Egipto e foi aperfeiçoado pelos
romanos. A sua produção em massa no final do
século XVIII obrigou ao governo francês a promover um concurso para a obtenção do carbonato sódico, já que com a fonte habitual - as
cinzas da
madeira - não se obtinham em quantidades suficientes como para cobrir a crescente
demanda. O ganhador foi Nicolas Leblanc, ainda que seu processo caiu em desuso devido ao
processo de Solvay, desenvolvido meio século mais tarde, que deu um forte impulso ao desenvolvimento da
indústria química.
Ainda hoje a cerâmica e o vidro são campos abertos à investigação.
[editar] A química como ciência
O Alquimista, de Pietro Longhi
Entre os séculos III a.C. e o
século XVI d.C a química estava dominada pela
alquimia. O objetivo de investigação mais conhecido da alquimia era a procura da
pedra filosofal, um método hipotético capaz de transformar os metais em
ouro. Na investigação alquímica desenvolveram-se novos produtos químicos e métodos para a separação de elementos químicos. Deste modo foram-se assentando os pilares básicos para o desenvolvimento de uma futura química experimental.
Antoine Lavoisier é considerado o pai da química moderna
A química, como é concebida atualmente, começa a desenvolver-se entre os séculos
XVI e
XVII. Nesta época estudou-se o comportamento e propriedades dos
gases estabelecendo-se técnicas de
medição. Pouco a pouco foi-se desenvolvendo e refinando o conceito de
elemento como uma substância elementar que não podia ser descomposto em outras. Também esta época desenvolveu-se a
teoria do flogisto para explicar os processos de
combustão.
Por volta do
século XVIII a química adquire definitivamente as características de uma ciência experimental. Desenvolvem-se métodos de medição cuidadosos que permitem um melhor conhecimento de alguns
fenômenos, como o da combustão da matéria,
Antoine Lavoisier, o responsável por perceber a presença do carbono nos seres vivos e a complexidade de suas ligações em relação aos compostos inorgânicos; e assentando finalmente os pilares fundamentais da química moderna.
O vitalismo e o começo da química orgânica
Tão cedo se compreendessem os princípios da combustão, outro debate de grande importância apoderou-se da química: o
vitalismo e a distinção essencial entre a
matéria orgânica e
inorgânica. Esta teoria assumia que a matéria orgânica só podia ser produzida pelos
seres vivos atribuindo este facto a uma
vis vitalis (força ou energia vital) inerente na própria vida. A base desta teoria era a dificuldade de obter matéria orgânica a partir de precursores inorgânicos. Este debate foi revolucionado quando
Friedrich Wöhler descobriu acidentalmente como se podia sintetizar a
ureia a partir do
cianato de amónio, em
1828, mostrando que a matéria orgânica podia criar-se de maneira química. No entanto, ainda hoje se mantém a classificação em
química orgânica e
inorgânica, ocupando-se a primeira essencialmente dos compostos do
carbono e a segunda dos compostos dos demais elementos.
Os motores para o desenvolvimento da química orgânica eram, no princípio, a curiosidade sobre os produtos presentes nos seres vivos (provavelmente com a esperança de encontrar novos
fármacos) e a síntese dos
corantes ou
tinturas. A última surgiu depois da descoberta da
anilina por
Runge e a primeira síntese de um corante artificial por
Perkin.
Com o final da segunda guerra mundial e o crescente peso dos
Estados Unidos no sector químico, a química orgânica clássica se converte cada vez mais na
petroquímica que conhecemos hoje. Uma das principais razões era a maior facilidade de transformação e a grande variedade de produtos derivados do petróleo.
A tabela periódica e a descoberta dos elementos químicos
Em
1860, os cientistas já tinham descoberto mais de 60
elementos químicos diferentes e tinham determinado sua
massa atômica. Notaram que alguns elementos tinham propriedades químicas similares pelo que deram um nome a cada grupo de elementos parecidos. Em
1829, o químico
J. W. Döbenreiner organizou um sistema de classificação de elementos no qual estes agrupavam-se em grupos de três denominados tríades. As propriedades químicas dos elementos de uma tríade eram similares e suas
propriedades físicas variavam de maneira ordenada com sua massa atômica.
Alguns anos mais tarde, o químico
russo Dmitri Ivanovich Mendeleyev desenvolveu uma
tabela periódica dos elementos segundo a ordem crescente das suas massas atômicas. Dispôs os elementos em colunas verticais começando pelos mais levianos e, quando chegava a um elemento que tinha propriedades semelhantes às de outro elemento, começava outra coluna. Em pouco tempo Mendeleiev aperfeiçoou a sua tabela acomodando os elementos em filas horizontais. O seu sistema permitiu-lhe predizer com bastante exatidão as propriedades de elementos não descobertos até o momento. A grande semelhança do
germânio com o elemento previsto por Mendeleyev conseguiu finalmente a aceitação geral deste sistema de ordenação que ainda hoje segue-se aplicando.
Desenvolvimento da teoria atômica
Muito antes que a disputa tivesse sido resolvida muitos pesquisadores tinham trabalhado sob a hipótese atômica.
Svante Arrhenius tinha pesquisado a estrutura interna dos átomos propondo a sua teoria da ionização. O seu trabalho foi seguido por
Ernest Rutherford, quem abriu as portas ao desenvolvimento dos primeiros modelos de
átomos que desembocariam no modelo atômico de
Niels Bohr. Na actualidade o estudo da estrutura do átomo considera-se um ramo da
física e não da química.
Cronologia dos Modelos Atômicos
- Primeiro Modelo criado foi o de Dalton', em meados de 1803;
- O segundo modelo criado foi o de J.J. Thomson, em meados de 1817;
- O terceiro modelo criado foi o de Rutherford, entre 1911 e 1919 (data não confirmada);
- O quarto a ser criado foi o de Bohr (o mesmo que corrigiu o erro do modelo de Rutherford), entre 1920 e 1922 (data não confirmada, sabe-se que foi criado logo após o terceiro modelo).
Se você possuir mais informações, como datas mais exatas, por favor incluir no artigo. Fonte: www.AUDREYSANTOS.INSTITUTOSANTALUZIA.com.br/
- Para Empédocles existem quatro elementos: a água, o ar, o fogo e a terra, que se atraem ou se repelem. Platão retoma mais tarde esta teoria associando estes quatro elementos a formas geométricas.
- O filósofo Anaxágoras vê o mundo em mudança perpétua, sem criação nem destruição de matéria mas com reordenações das partículas elementares.
- Leucipo, e depois Demócrito, acham que a matéria está composta de partículas elementares, os átomos.
Civilização árabe
- A alquimia aparece no Europa com raiz em traduções de textos árabes. Além disso, adotam-se os numerosos termos árabes (por exemplo, álcali) que ainda hoje se usam.
alguns opinam que a palavra alquimia vem da expressao "al khen", ou de raiz grega alkimia, q significa"o pais egro".
- 1828: Síntese da ureia por Wöhler, demonstrando a unidade da química mineral e da química orgânica, anteriormente consideradas dois campos independentes (refutação do «princípio de vida»).
- 1869: Mendeleiev publica a sua classificação periódica dos elementos.
Artigos relacionados
Químicos célebres
Lista de químicos célebres que não foram citados neste artigo.
- Robert Boyle, 1627-1691
- Joseph Black, 1728-1799
- Alessandro Volta, 1745-1827
- Jacques Charles, 1746-1823
- Joseph-Louis Gay-Lussac, 1778-1850
- Humphry Davy, 1778-1829
- Michael Faraday, 1791-1867
- Justus von Liebig, 1803-1873
- Louis Pasteur, 1822-1895
- Stanislao Cannizzaro, 1826-1910
- Friedrich August Kekulé von Stradonitz, 1829-1896
- Marie Curie, 1867-1934
- Victor Grignard, 1871-1935
- Linus Pauling, 1901-1994
Leituras adicionais
Em português
- Michael Faraday: A História Química de uma Vela - As Forças da Matéria. Editora: Contraponto. ISBN 8585910526
- Robson Fernandes de Farias: Para Gostar de Ler a História da Química. Editora: Átomo. ISBN 8587585444
- Robson Fernandes de Farias: Para Gostar de Ler a História da Química - Vol. 2. Editora: Átomo. ISBN 8587585681
- Robson Fernandes de Farias: Para Gostar de Ler a História da Química - Vol. 3. Editora: Átomo. ISBN 8576700115
- Paul Strathern: O Sonho de Mendeleiev - A Verdadeira História da Química. Editora: Jorge Zahar. ISBN 8571106533
- Carl Djerassi: O Dilema de Cantor. (Do original: Cantor's Dilemma) Editora Nova Fronteira S.A. ISBN 8520909876
Em inglês
- J. R. Partington: A Short History of Chemistry. Editora: Dover Publications. ISBN 0486659771
- William H. Brock: The Chemical Tree: A History of Chemistry. Editora: W. W. Norton & Company. ISBN 0393320685
- William H. Brock: The Norton History of Chemistry (Norton History of Science). Editora: W. W. Norton & Company. ISBN 0393310434
- Bernard Jaffe: Crucibles: The Story of Chemistry. Editora: Dover Publications. ISBN 0486233421
- Trevor H. Levere: Transforming Matter : A History of Chemistry from Alchemy to the Buckyball (Johns Hopkins Introductory Studies in the History of Science). Editora: The Johns Hopkins University Press. ISBN 0801866103
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