segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Aston Martin DBS

Depois de servir 007 no cinema, o modelo chega por aqui em missão nada secreta

Quatro Rodas - por Paulo Campo Grande | Fotos: Marco de Bari


Aston Martin DBS

Se existe um povo que domina a arte de defender valores como nobreza e exclusividade, no território dos carros, são os ingleses. Marcas como Rolls-Royce, Bentley e Aston Martin têm o poder de abrir portões de castelos e despertar reverências em qualquer canto do mundo. O Aston Martin DBS mostrado aqui faz parte da nata da nobreza sobre rodas. Ele é o representante do vértice da marca que – com perdão da impropriedade da expressão – se popularizou no cinema em 1964, no filme 007 contra Goldfinger, estrelado pela dupla Sean Connery e Aston Martin DB5. Com a abertura da primeira loja da marca em São Paulo, o DBS, a versão mais nervosa do DB9, cupê topo de gama da marca e o carro do agente secreto James Bond no filme Cassino Royale, de 2006, chega ao Brasil para uma missão bem mais tranquila: deixar os visitantes do Salão do Automóvel de queixo caído.


Clássico, mas não discreto: ele fala alto e anda forte

Os Aston Martin são produzidos artesanalmente. As peças de alumínio da carroceria recebem acabamento manual, como esculturas. O motor é montado por um engenheiro dedicado a esse trabalho. Segundo a casa, um Aston leva cerca de 450 horas para ficar pronto, dependendo da quantidade de equipamentos solicitados pelo proprietário, que tem à disposição uma lista com praticamente tudo o que quiser. Considerando que os funcionários trabalhem oito horas por dia, são quase dois meses de montagem – tempo suficiente para as fábricas brasileiras juntas produzirem 658 200 veículos, considerando a média dos últimos meses. A Aston Martin produz anualmente cerca de 5 000 veículos.

Posição baixa ao volante, ajuste de suspensão, bancos esportivos: carro de corrida

Como todo Aston Martin, o DBS é um esportivo de luxo. Ele reúne sofisticação e desempenho dos mais altos níveis. Sua cabine é revestida de materiais nobres, como Alcantara (veja quadro na pág. ao lado) no teto, madeira laqueada no console e detalhes de fibra de carbono nas portas. A chave de ignição tem acabamento de cristal Baccarat e o sistema de som, da marca Bang & Olufsen, é o que os audiófilos chamariam de high end. No aspecto comportamental, a esportividade fica por conta do motor 6.0 V12 de 517 cv, capaz de levar o superesportivo a acelerar de 0 a 100 km/h em 4,3 segundos e a atingir 307 km/h de velocidade, de acordo com os dados fornecidos pelo fabricante.

Posição baixa ao volante, ajuste de suspensão, bancos esportivos: carro de corrida

Nosso test-drive foi realizado nas ruas da Califórnia, nos Estados Unidos, circunstância que atuou como limitador de performance do DBS. Mesmo assim, sem provocar um encontro involuntário com o xerife local, conseguimos sentir a força do motor e o comportamento do carro em diferentes situações. O DBS acelera com disposição. Ao contrário do DB9, ele não consegue ser discreto. Qualquer saída de semáforo lembra uma largada: o DBS ronca alto e sai forte, mesmo pisando leve no acelerador. No dia a dia, muitas vezes, ele pode parecer um estranho no ninho, ao se comportar como se fosse um carro de corrida desgarrado de algum autódromo. Essa impressão é reforçada pelo chassi do tipo space frame, que faz o motorista se sentir ao volante de um protótipo de competição. E o mesmo conceito de chassi que foi adotado pela Audi, no R8, e pela Lotus, no Elise e no Exige. O motorista se senta em posição esportiva clássica, ou seja, baixa, junto ao piso, o que reforça a interatividade com o carro.

A sobriedade dos instrumentos indica nobreza de caráter

Gestão de patrimônio

O DBS tem motor instalado na posição central dianteira e transmissão traseira, o que resulta em uma divisão de peso na razão de 43% para o eixo dianteiro e 57% para o traseiro. Ele é menos equilibrado que o DB9, dono de uma relação de 50% para cada ponta. Mas, como está bem apoiado nos pneus 245/35 R20 na frente e 295/30 R20 atrás, o DBS se torna bem obediente.

Nas laterais de porta, a sofisticação da fibra de carbono

Sua suspensão tem amortecedores ativos, controlados por uma central eletrônica que se orienta por diversos parâmetros, como a posição do acelerador, o grau de esterço do volante e a posição da carroceria em relação a seus eixos e à trajetória desenhada durante o movimento. Assim, os conjuntos – do tipo duplo A, nos dois eixos – conseguem manter a carroceria o tempo todo em equilíbrio, sem sacrificar o conforto. Se o motorista quiser dirigir de forma mais agressiva, pode optar por enrijecer o conjunto. Para isso basta, além de um pouco de coragem e razoável perícia, apertar um botão no console. Os mais ousados podem ajustar o controle de estabilidade, de acordo com sua habilidade, uma vez que há três níveis de assistência: plena, parcial e nenhuma. Nesta última, a responsabilidade de trazer o carro de volta para casa fica toda na mão do piloto. E põe responsabilidade nisso: na direção de um DBS, o “gestor” tem nas mãos um patrimônio de 1 250 000 reais. Se não for um conservador ao estilo inglês, é bom que seu perfil não também seja muito agressivo.

Na traseira, ficam 57% do peso do DBS



SINTÉTICO

O reverenciado revestimento Alcantara é um composto sintético produzido na Itália. O aspecto de camurça, a maciez de sua textura e a praticidade na conservação são as razões de esse material ter o mesmo status do couro dos mais renomados curtumes e ter virado grife.

Sofisticação transparente: a chave é de cristal Baccarat e fica no centro do painel

Sofisticação transparente: a chave é de cristal Baccarat e fica no centro do painel



VEREDICTO

O DBS tem berço e consegue a façanha de oferecer requinte e emoção em iguais e generosas proporções. Seu preço, de 1 250 000 reais, é quase um seguro de exclusividade.

Sob o capô, o motor V12 6.30, com 517 cv



Motor: dianteiro, longitudinal, 12 cilindros, 48 válvulas
Cilindrada: 5 935 cm3
Diâmetro x curso: 89 x 79,5 mm
Taxa de compressão: 10,9:1
Potência: 517 cv
Torque: 58,1 mkgf
Câmbio: robotizado sequencial, 6 marchas, tração traseira
Carroceria: cupê, 2 portas, 2 lugares
Dimensões: largura, 190 cm; comprimento, 472 cm; altura, 128 cm; entre-eixos, 274 cm
Porta-malas/caçamba: 175 litros
Tanque: 78 litros
Suspensão dianteira: independente do tipo duplo A
Suspensão traseira: independente do tipo duplo A
Freios: discos ventilados, com ABS e ESP
Direção: hidráulica, do tipo pinhão e cremalheira
Pneus: 245/35 R20 na frente, 295/30 R20 atrás
Equipamentos: airbags, bancos de couro, sistema de som B&O, rodas de liga leve e ar-condicionado

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