sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Tecnologia aprimora tanto instrumentos sofisticados quanto itens tradicionais

Texto de Maria Silvia Martins de Souza e fotos de Cuca Jorge

A décima Analitica Latin America agrupou nos 18 mil metros quadrados do Transamerica Expo Center, em São Paulo, uma pletora de inovações tecnológicas para laboratórios, análises, biotecnologia e controle de qualidade. Fabricantes multinacionais de equipamentos de maior complexidade e custo, como cromatógrafos, espectrômetros, difratômetros e outros, marcaram presença com destaque especial para a rapidez de análises e limites de detecção cada vez mais baixos. Fornecedores de vidraria, reagentes e prestadores de serviço também estiveram presentes. A exemplo da edição anterior, a feira exibiu os produtos alemães e chineses em pavilhões específicos. As empresas germânicas contaram com o apoio do Ministério Federal Alemão de Economia e da Associação das Indústrias da Alemanha. Segundo essa entidade, o mercado latino-americano está cada vez mais significativo para seus filiados, já que em 2008 as exportações para a região aumentaram 32%, ultrapassando 270 milhões de euros.

Numa visita ao citado pavilhão foi possível constatar que equipamentos de laboratório tradicionais também se modernizaram. As bombas de vácuo, muito usadas em laboratórios de pesquisa, receberam da empresa KNF Neuberger, localizada em Freiburg, melhorias significativas. “O modelo SC920, comandado por controle remoto, é a realização do sonho de muitos profissionais que usam rotoevaporadores”, disse o diretor para a América Latina, Gunter Bostelmann. O equipamento oferece vácuo preciso e uma grande variedade de funções ajustáveis com o controlador. Além disso, o sistema SC920 minimiza o problema de espaço no laboratório, contendo, em um só bloco, condensador, separador e controlador, além da bomba. “Para utilização em capelas, isto é muito vantajoso”, enalteceu Bostelmann. O terminal portátil permite operar o equipamento de qualquer parte do laboratório, ou da mesa do pesquisador, eliminando a necessidade das inúmeras idas e vindas, feitas quando o controle é realizado no próprio conjunto. Pressão ou sucção, tempos, unidade de medida e vários outros parâmetros de processo podem ser ajustados no terminal móvel. “O sistema pode monitorar o processo de acordo com uma curva de pressões programadas pelo usuário”, exemplificou. Caso a unidade portátil seja perdida, poderá ser encontrada pressionando-se um botão na parte fixa que faz o controle remoto emitir um som audível. “Outra novidade importante é que nossas bombas são livres de óleo”, contou Bostelmann. “Usando diafragma, minimizam-se os custos de operação e as possibilidades de contaminações”, disse. A rapidez de operação também foi ressaltada. “A bomba possui um sistema patenteado de estabilização de diafragmas que permite uma alta velocidade de sucção, inclusive a baixas

pressões.” É possível alcançar um vácuo de 2 mbar e bombear até 20 litros de gás por minuto.
Todas as partes em contato com os gases são fabricadas em materiais resistentes ao ataque químico. “Além disso, opera de maneira silenciosa”, acrescentou. Especializada em bombas, é a primeira vez que a KNF expõe na Analitica, mas seus produtos já estão disponíveis no Brasil há vários anos por intermédio da Marte Instrumentos Analíticos, de São Paulo.


Bostelmann controla bomba de vácuo a distância

O tradicional método de Kjeldahl para determinação de proteínas foi alvo de melhorias introduzidas pela empresa Behr Labor Technik, de Dϋsseldorf. O método consiste em aquecer a substância em análise com o ácido sulfúrico, etapa chamada de digestão. Nessa fase, os componentes orgânicos se decompõem por oxidação, para liberar o nitrogênio reduzido na forma de sulfato de amônio. Quando a reação se completa, o meio, de início bem escuro, torna-se

incolor. A solução é então destilada, após a adição de pequena quantidade de hidróxido de sódio, que converte o sal de amônio em amônia. O condensado é recolhido numa solução de ácido bórico. A amônia reage com o ácido, sendo o excesso deste titulado com carbonato de sódio, usando alaranjado de metila como indicador. A figura 1 apresenta as reações envolvidas no método.

Rodrigo Fagundes Correia, técnico da DiagTech, de São Paulo, representante da Behr no país há mais de três anos, dava esclarecimentos sobre os produtos no estande da empresa parceira, minimizando os problemas com o idioma. “As unidades de digestão da linha behrotest InKjel para seis amostras são muito rápidas”, disse. “Estão equipadas com um potente aquecedor infravermelho, que elimina a fase de aquecimento demasiado longa associada aos sistemas de blocos convencionais”, complementou. Segundo Correia, a qualidade e o posicionamento do

irradiador de infravermelho garantem fases de aquecimento e temperaturas de digestão iguais em todas as amostras. O mesmo se aplica à unidade de digestão de 12 recipientes, dispostos em duas filas de seis. “Os tubos de digestão ficam suspensos na estrutura e não apoiados sobre o fundo; deste modo, correm menor risco de se partirem, o que acontece com alguma frequência quando se usa um bloco de aquecimento de alumínio”, explicou. A empresa também oferece outros modelos com diferentes capacidades, como o 450, com quatro frascos de reação de 500 ml, e o 475, também com quatro recipientes, porém de 750 ml. Todos os modelos dispõem de dez programas de configuração para temperatura e tempo de digestão. A operação por botão único permite programação fácil e rápida, com opção de menu em português. “Além da determinação de nitrogênio pelo método de Kjeldahl, outras digestões a alta temperatura podem ser feitas no equipamento”, lembrou Correia.


Analisador Behr facilita a aplicação do método Kjeldahl

Também são oferecidas unidades de destilação para a realização da sequência do método. “Temos cinco modelos diferentes”, ofereceu Correia. “São idênticos na aparência, mas diferem em grau de automação”, disse. O Behr S5, mais avançado, permite acoplar um titulador externo. “Todos os modelos combinam praticidade, simplicidade, segurança e confiabilidade” elogiou. A caixa de aço inoxidável é resistente ao ataque químico, e o equipamento conta com prático dispositivo de fixação rápida que permite ao analista manter as mãos livres.

Ressaltando a preocupação com segurança, Correia disse que o aparelho não funciona se a porta estiver aberta. “Apesar de todas essas vantagens, o custo não é muito maior do que as unidades de digestão com sistema de aquecimento tradicional”, informou.

Especializada em fornos, a empresa Nabertherm, de Bremen, exibiu muflas de última geração. “Há vários modelos para utilização em laboratório”, informou o gerente da filial localizada na Espanha, José Carlos Fernandez Orta. “Os fornos podem ser fornecidos com porta basculante ou de elevação; o custo é o mesmo”, acrescentou. A porta basculante pode ser utilizada como

Usuário determina o aquecimento da mufla (esq.) com facilidade no controlador (acima)

bandeja. Nos modelos, com porta de elevação, o lado quente fica afastado do usuário. Dependendo do modelo, a temperatura máxima é 1.100ºC ou 1.200ºC. O aquecimento é feito por placas cerâmicas com resistência integradas, protegidas contra respingos e gases liberados. No interior há um módulo de fibras moldado a vácuo, com elevada resistência e a carcaça é de aço inoxidável. “O corpo tem paredes duplas propiciando isolamento térmico”, comentou Orta. As muflas têm abertura para exaustão de ar na parede traseira. Podem ser equipadas com tubulação de escape. De acordo com Orta, os modelos diferem nas possibilidades de programação para aumento da temperatura. “Pode ser escolhido aquecimento em rampa ou escada, com os tempos de cada fase definidos pelo usuário”, esclareceu. Os dados são inseridos no pequeno painel frontal. “O led piscando indica o parâmetro a ser digitado”, explicou Orta. “Fácil e rápido”, concluiu, demonstrando o procedimento numa das muflas expostas.

Por sua vez, a Funke Ger­ber, de Berlim, apresentou vários equipamentos para análise de leite, caso do LactoStar, um analisador com limpeza, lavagem e calibração automatizadas. Segundo o responsável por exportação, Daniel Segenbusch, com uma única medição se determinam de forma rápida e confiável os teores de gordura,

Segenbusch exibiu o analisador automático de leite e derivados

proteína, lactose, resíduo seco isento de gordura, além dos minerais, por condutância. “Também se pode determinar densidade e ponto de congelamento por cálculo”, acrescentou. Contendo um sistema de medição de múltiplos sensores, o Lactostar se caracteriza por uma alta tolerância de matriz. “A resolução é de 0,01% e a precisão depende da calibração correspondente”, complementou. De acordo com Segenbusch, todos os parâmetros são calibrados em apenas um passo. Um menu com apresentação clara facilita a entrada dos valores de referência. “Até 20 conjuntos de dados de calibração podem ser salvos. Assim, pode-se trocar de um produto para outro, como de leite para nata, sem que uma nova calibração seja necessária”, informou.

O software é constantemente melhorado, objetivando a determinação de outros parâmetros. As atualizações são transmitidas de forma rápida e simples pelas interfaces. O LactoStar contém bombas para medição, lavagem e limpeza, conectadas com os respectivos recipientes. As bombas se encontram abaixo da cobertura de aço inoxidável, do lado esquerdo do aparelho. Seus cabeçotes podem ser trocados sem dificuldade ou ajuda de ferramentas.

A figura 2 esquematiza o LactoStar. Segundo Segenbusch, é possível escolher dentre diversos idiomas de menu. “A quantidade é aumentada em cooperação com nossos parceiros nos respectivos países”, informou.

Participando do evento pela primeira vez, Segenbusch estava otimista com os contatos feitos, a fim de localizar um distribuidor local.

Empresas brasileiras também investiram na sofisticação de equipamentos básicos, como a Gehaka, de São Paulo, que lançou o DSL 910, densímetro para líquidos e sólidos. Com tecnologia nacional, o equipamento possui mostrador de fácil leitura, com textos em português. Efetua medidas de densidade com baixa dependência do analista, pois todas as operações são assistidas por um microcontrolador, garantindo precisão e prevenindo erros. Oferece três dispositivos de medida diferentes: para sólidos com densidade maior que a da água; sólidos com densidades inferiores à da água, e líquidos. Conta com termômetro integrado, permitindo corrigir o efeito da temperatura na densidade, e balança eletrônica com sistema de calibração semiautomático. A densidade pode ser indicada com uma a três casas decimais, a critério do usuário. A


Densímetro nacional oferece operação fácil e sem erros

medição é feita em menos de dois minutos e o DSL 910 pode emitir relatórios por meio de impressora integrada.

Reagentes e padrões – A Merck destacou em seu estande a adoção das novas recomendações da Organização das Nações Unidas (ONU) para uniformizar a classificação e rotulagem de produtos químicos, denominadas Globally Harmonized System (GHS). Segundo a analista de marketing Tatiana Corasso, cerca de 50% dos reagentes já são comercializados com rótulos e FISPQs (ficha de informação de segurança de produto químico) alterados. “Gradativamente, adaptaremos os rótulos de toda a nossa linha para atender ao sistema harmonizado”, complementou.

Alguns países possuem legislações específicas para a classificação de produtos químicos. Isso faz com que alguns itens sejam classificados de formas diferentes dependendo do local, exigindo nova rotulagem quando são exportados. Essas diferenças causam problemas ainda maiores em países sem uma legislação própria, caso do Brasil. Os produtos químicos chegam ao país com os dados originais do país onde foram produzidos. Assim, nossas indústrias podem receber substâncias iguais classificadas de formas distintas e, não raro, com símbolos de alerta diferentes no rótulo. A ideia do GHS é eliminar essas diferenças, buscando aumentar o grau de informação desses produtos. Como o sistema foi concebido pela ONU, todos os países associados deverão adotá-lo. Na União Europeia, o sistema já está em vigor, mas se tornará obrigatório apenas no final de 2010. No Brasil, foi introduzido pela publicação da NBR 14725 (partes 1 a 4), no fim de agosto. Sua implantação introduz um conjunto de critérios para a classificação de riscos físicos, perigos para a saúde e riscos ambientais e, ainda, estabelece uma forma única para a comunicação, com modificações nos pictogramas de perigos, palavras de advertência, frases de perigo e precaução.

“Com o GHS, espera-se um aumento significativo na segurança durante o manuseio e transporte de produtos químicos, com o consequente impacto na saúde dos trabalhadores e na proteção ao meio ambiente”, ressaltou Tatiana.

No novo rótulo, os símbolos de perigo e suas respectivas indicações, assim como as frases de risco e segurança, foram substituídos pelos pictogramas, por uma palavra de advertência e por frases de perigo e precaução. “Existem também


Frascos rotulados conforme norma global

alterações importantes na linguagem utilizada: muito tóxico foi substituído por fatal”, exemplificou Tatiana. A palavra de advertência fornece informação sobre a periculosidade relativa de uma substância ou mistura. Assim, “Perigo” indica categorias de risco mais graves e “Cuidado” é usado

para produtos menos danosos. As frases de perigo e precaução, situadas à direita, substituem as atuais frases de risco e segurança. “Paralelamente à reconfiguração dos rótulos, preparamos também o novo tipo de FISPQ”, acrescentou Tatiana. As FISPQs dos reagentes Merck são disponibilizadas aos clientes via internet.

Além dos equipamentos, a Digimed divulgou seu laboratório de análise ambiental e seus materiais de referência, entre os quais as novas soluções-padrão de condutividade DM-S6P e DM-S6Q, com 25 e 50 μS/cm, respectivamente. Rastreáveis ao NIST (National Institute of Standards and Technology), órgão máximo da metrologia americana, as soluções são comercializadas em frascos de 250 ml, contendo cloreto de potássio, água deionizada e propanol. Segundo Daniel Mac Adden, do


Digimed amplia posição nos materiais de referência

departamento de marketing, na sua fabricação uma alíquota representativa da solução é encaminhada para rastreabilidade no laboratório CAL 0378 do Grupo Digimed, acreditado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro). A rastreabilidade é feita por medições comparativas, entre a alíquota e o material de referência certificado. Os procedimentos e condições ambientais são controlados, sendo as medições efetuadas com condutivímetro certificado na Rede Brasileira de Calibração (RBC). Determinada a condutividade, se os valores de incerteza estiverem dentro dos limites estabelecidos, as soluções recebem um número de lote e validade, são rotuladas e podem ser comercializadas. Segundo Daniel Mac Adden, a empresa oferece também soluções-padrão para calibração de pHmetros e outras, e pretende buscar certificação pelo ISO Guide 34, requisitos gerais para a competência de produtores de materiais de referência.

A White Martins também destacou o lançamento do padrão de umidade para a calibração de analisadores de gases. Com faixa de concentração de 5 a 100 ppm de água e validade de 12 meses, o padrão foi desenvolvido pelo laboratório de pesquisa, localizado em Osasco-SP, obedecendo a rigorosos critérios metrológicos e adotando conceitos da norma ISO 6742, Análises de gás – Preparação de Misturas de Gases para Calibração – Método gravimétrico. Cada componente da mistura é adicionado no cilindro mediante técnicas específicas, desenvolvidas para atender à composição do produto final, a fim de diminuir e otimizar os resultados de incerteza na concentração de cada componente. Para garantir a estabilidade dos padrões de baixas concentrações, os cilindros são limpos por uma técnica exclusiva, batizada de Ultraclean. Para atender às necessidades específicas de cada cliente, foram implantados tratamentos diferenciados de acordo com a composição e complexidade de cada mistura. A empresa realizou análises para a

verificação da confiabilidade na fabricação e estabilidade do material de referência de umidade. A figura 3 demonstra essa estabilidade, por meio de análises realizadas durante mais de 40 horas, com a pressão variando de 2.200 psig até 100 psig.

Serviços e seminovos – Nesta edição da Analitica houve um aumento significativo de prestadores de serviços entre os expositores. Conhecida pela comercialização de ampla linha de fototerápicos, a paranaense Herbarium divulgou sua divisão analítica. Segundo a gerente técnica Laerte Dall Agnol, além de servir a própria fábrica, o laboratório passou, em 2005, a oferecer análises a terceiros. “Fomos estimulados pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] a prestar esse serviço em virtude da falta de laboratórios especializados na análise de insumos vegetais no território nacional”, informou. Pertencendo à Rede Brasileira de Laboratórios Analíticos (Reblas), organizada pela Anvisa, busca acreditação na NBR ISO/IEC 17025 pelo Inmetro. A tabela 1 apresenta exemplos de análises oferecidas a empresas de todo o país.

Matrizes difíceis, a maioria dos insumos vegetais usados em medicamentos não consta dos compêndios de métodos analíticos como ocorre com as drogas sintéticas. De acordo com Laerte, os métodos foram desenvolvidos por sua equipe com base em artigos científicos e outras referências internacionais. “Estão todos validados como exige a ISO17025”, completou. O laboratório conta com 17 profissionais, incluindo mestres e especialistas nas áreas de produtos naturais, química analítica e microbiologia, com ampla experiência em análises de fitoterápicos. A empresa estabeleceu ainda parceria com a Universidade Federal do Paraná. Expondo pela primeira vez na feira, a visitação foi avaliada como boa por Laerte: “Fizemos muitos contatos promissores.”


Laerte: fitoterápicos exigem
análises especializadas

Sinalizando a demanda do setor farmacêutico por terceirização de análises, outro presente ao evento foi o Laif – Laboratório Analítico de Insumos Farmacêuticos. Funcionando nas dependências da Faculdade de Farmácia da PUC-RS, o laboratório foi inaugurado em março, mediante uma parceria entre o Ministério da Saúde, a Associação Brasileira da Indústria Farmoquímica (Abiquif) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). O laboratório está preparado para avaliar e caracterizar insumos farmacêuticos, realizando controle de qualidade e desenvolvendo metodologias analíticas, para indústrias de medicamentos públicas e privadas. Deverá ainda dar suporte à ação fiscal no âmbito dos insumos farmacêuticos e de medicamentos, em cooperação com a Anvisa. Serafin Branco Neto, vice-presidente da Abiquif, informou que cerca de R$ 5 milhões foram investidos na instalação do Laif.

A Ambicamp, de Campinas-SP, prestadora de serviços de coleta e descarte de resíduos laboratoriais, expôs pela primeira vez na feira. Criada há nove anos pela atual diretora técnica Maria Luisa de Souza, a empresa cresce ano a ano. “Nosso mercado é o de pequenos geradores, mas a demanda vem aumentando muito por causa da fiscalização”, disse Luisa. A Ambicamp tem como clientes universidades, farmácias de manipulação e indústrias de vários seguimentos, em São Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul. Segundo Luisa, a empresa conta com uma estrutura organizacional enxuta, focada nas necessidades técnicas de seus clientes e na constante avaliação de novas exigências legais. “As empresas que servimos têm dois tipos de necessidades: destinação de um passivo, isto é, reagentes vencidos ou sem utilidade, e resíduos que são gerados na rotina laboratorial”, explicou. “Esses últimos, depois de iniciados nossos serviços, são coletados em embalagens por nós fornecidas”, completou. O atendimento inclui várias etapas: identificação e quantificação dos resíduos, adequação das embalagens e do armazenamento, planejamento

logístico, documentação e treinamento dos laboratoristas. Segundo Luisa, a Ambicamp conta com galpões espaçosos, áreas de armazenamento, frota e motoristas especializados. No centro de triagem são feitas as inspeções visuais, pesagens e conferências dos resíduos coletados e ainda a preparação das embalagens disponibilizadas. Também nesse centro, os resíduos são separados, levando-se em conta tipos e riscos químicos. Após a armazenagem temporária, atendendo às legislações RDC 306/2004-Anvisa e Resolução 358/2005-Conama, seguem para destinação final, sendo a documentação comprobatória fornecida aos clientes.


Maria Luisa dá destino seguro para resíduos
de laboratórios

A venda e locação de cromatógrafos líquidos e gasosos seminovos foi divulgada no evento pela G-Crom, de São Paulo. A empresa deu início às suas atividades em 2007, oferecendo também assistência técnica, treinamento e venda de consumíveis. Segundo o diretor Carlos Alberto Flores Teruya, a G-Crom mantém um amplo estoque de equipamentos, acessórios e peças de reposição que permitem oferecer bons preços e prazos de entrega. “O preço de um equipamento usado é cerca de 50% do de um novo”, informou. Dentre os cromatógrafos usados oferecidos, estão equipamentos de todas as marcas internacionais mais conhecidas. Os setores sucroalcooleiro e de combustíveis foram citados por Teruya como compradores de seminovos. A locação ocorre quando o laboratório tem projetos temporários, nos quais a aquisição de um equipamento novo não é viável ou necessária. “Em geral, os contratos são de seis a doze meses”, informou. Como vantagem, a G-Crom oferece a possibilidade de abater o montante pago na locação do valor total do equipamento, caso a aquisição ao final do contrato seja desejada pelo usuário. Ao locar, o cliente recebe garantia de assistência técnica, incluindo uma revisão mensal do equipamento. Leilões e a troca de equipamentos por modelos mais novos são a fonte de obtenção dos cromatógrafos que loca ou vende. A compra de peças no exterior possibilita a modernização de máquinas obsoletas que voltam ao uso depois de reformadas.

Sensíveis e rápidos – Equipamentos com alto grau de sofisticação também foram expostos. No estande da Agilent Technologies foi destacado o analisador de metais em concentrações traço 7700 ICP/MS (espectrometria de massa acoplada a plasma indutivo). De acordo com o fabricante, o equipamento oferece alta produtividade, facilidade de operação e ocupa o menor espaço na bancada de trabalho em comparação com qualquer outro equipamento de sua categoria. “A análise ICP/MS tem se tornado cada vez mais comum, à medida que os laboratórios têm necessidades de quantificação de elementos com concentrações cada vez menores, em amostras mais complexas. Com isso, vem crescendo a demanda por maior qualidade com alta produtividade e facilidade de processamento”, informou Reinaldo M. Castanheira, gerente-geral para América do Sul. “Buscamos criar um instrumento novo que atenda a essas necessidades; os primeiros usuários já nos informaram que estão bastante satisfeitos com os resultados”, afirmou. Uma característica percebida à primeira vista é o seu tamanho reduzido, ocupando cerca de 70 centímetros da bancada de trabalho. Sua estrutura é 31% menor do que o equipamento antecessor da própria Agilent, e 50% menor do que muitos concorrentes. Apesar de pequeno, o ICP/MS 7700 incorpora um sistema de reação de octopolo, o qual, segundo a Agilent, é a única tecnologia de eliminação de interferências já testada e aprovada pela EPA (Agência de Proteção Ambiental dos EUA). Permite a introdução direta de amostras com alta concentração de sólidos, como água do mar. O plasma é alimentado por um gerador de estado sólido, operando a 27 MHz para máxima energia de dissociação. O novo software é fácil de usar, porém com a potência e flexibilidade requeridas pela rotina de um laboratório de pesquisa, como recurso de revisão de dados em tempo real. Outra vantagem citada foi a redução no impacto ambiental, já que o equipamento requer menor volume de amostras, minimizando a produção de resíduos.

Um grande concorrente na área de espectrômetros de plasma também participou do evento. A Horiba, multinacional japonesa, apresentou ao público brasileiro o segmento Scientific, no qual já atua globalmente. A companhia passa a oferecer em território nacional instrumental analítico fabricado na filial francesa. Cerca de trinta equipamentos foram lançados na feira, entre eles doze tipos de ICP, instrumentos de fluorescência de raios X e analisadores de carbono e enxofre. O gerente-geral da divisão de análises elementares, Didier Arniaud, e o diretor da filial brasileira, Hamilton Ibanes, estavam no estande da empresa. Arniaud informou que o grupo Horiba atende os segmentos médico, científico, automotivo, de semicondutores e de pesquisa e desenvolvimento. Possui 45 filiais


Arniaud: ICP analisa vários elementos sem interferências

espalhadas pelos continentes americano, europeu e asiático, onde trabalham quase quatro mil pessoas. Iniciou suas atividades no Brasil em 1997 e rapidamente assumiu posição de liderança em equipamentos para hematologia. Hoje, detém fatia de 32% deste mercado, suprido por sua fábrica instalada em São Paulo. Na área médica, comercializa também equipamentos para medição e análise em coagulação e bioquímica. Segundo Arniaud, a empresa é líder mundial no fornecimento de equipamentos de espectroscopia Raman e tem grande fatia do mercado de ICP. Introdutores dessa técnica no mundo continuam a inovar, aperfeiçoando os equipamentos. Arniaud destacou o Activa-M, que contempla revolucionária tecnologia para a realização de análise simultânea de vários elementos. Arniaud recapitulou a forma clássica de conduzir a determinação da concentração de um metal via ICP, ou seja, selecionar uma linha única com adequada sensibilidade e livre de interferências espectrais. Se a natureza e a concentração de elementos na matriz não são constantes, há risco da presença de interferentes, tornando incorreta a concentração deduzida com o uso dessa linha. Para ele, o ideal é conduzir as análises usando várias linhas, uma forma mais eficiente de tirar proveito de todas as informações disponíveis no plasma. Com o uso dos detectores multifuncionais existentes no Activa-M a quantidade de informações aumenta muito, sendo possível obter o espectro completo para cada elemento, e assim usar linhas múltiplas nas suas determinações. O equipamento tem uma base de dados ímpar no mercado. Usando-a, a seleção da linha de trabalho é facilitada, cabendo ao analista apenas especificar a lista de elementos e suas faixas de concentração que o equipamento sugere as linhas adequadas para cada faixa de concentração dos analitos. O software do Activa-M permite ainda a validação das análises, verificando linearilidade, estimando a incerteza por causa do procedimento de calibração e

determinando os limites de quantificação. Um processo estatístico pesquisa pontos discrepantes possibilitando sua rejeição. A figura 4 exemplifica o realizado no equipamento.

“Apesar de todos esses recursos, o custo do equipamento está na média de mercado”, afirmou Arniaud.

Cromatografia – Melhorias nos cromatógrafos também não faltaram no evento. A Dionex divulgou o sistema de cromatografia líquida de separação rápida (RSLC) UltiMate 3000. Segundo o técnico de suporte José Wilson Pereira Filho, o equipamento proporciona a realização de cromatografias líquidas ultrarrápidas utilizando alta vazão e partículas pequenas para aumentar a eficiência e resolver melhor os picos. Com vazões até 5 ml/min e pressões alcançando 800 bar, o equipamento oferece as corridas mais rápidas do mercado,


Pereira Filho: cromatografia líquida concilia alta precisão com velocidade

com obtenção de 10 picos em 10 segundos. Os módulos do RSLC UltiMate 3000 fazem essa separação com amostrador tipo Split-loop com ciclos de injeção de 15 segundos, temperaturas de coluna bastante precisas de até 110ºC e detecção ultrarrápida com integração de picos exata e precisa. Segundo Pereira, o equipamento conta com vários tipos de bombas (binária, quaternária e dual-gradiente) para facilitar qualquer operação e aplicação em desenvolvimento de método. “Pode-se escolher coluna e a região apropriada para qualquer aplicação, pois RSLC UltiMate 3000 cobre todas elas”, disse. O cromatógrafo pode acelerar análises complexas como a de aminoácidos em até sete vezes ou mais. Outras vantagens ressaltadas por Pereira foram a capacidade de manter altas temperaturas de coluna, mesmo com temperatura ambiente flutuante, e a possibilidade de converter os métodos existentes em métodos rápidos. “O equipamento possibilita ainda validar rapidamente novos métodos e seu custo é cerca de 30% menor que o do seu concorrente”, afirmou.

Mantendo agora frequência bianual a próxima edição da Analitica Latin America será de 13 a 15 de setembro de 2011, no mesmo local.


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