segunda-feira, 30 de maio de 2011

Indústrias investem para captar água das chuvas

No Polo Petroquímico de Camaçari, Região Metropolitana de Salvador, uma espécie de “piscinão” chama atenção por entre dutos, torres e chaminés. Além de reter efluentes industriais, o lugar está sendo preparado para acumular um produto estratégico: água da chuva. A “sopa” formada pela mistura dos líquidos será bombeada para uma estação de tratamento e reutilizada para diversos fins, como resfriamento de máquinas. “O objetivo é garantir a provisão de água e desonerar o abastecimento da população”, explica o engenheiro Sérgio Hortélio, da Braskem, coordenador do projeto.
Com investimento total de R$ 40,5 milhões em obras, equipamentos e tubulações, que se estenderão por 2 Km, a meta na primeira fase é fornecer ininterruptamente a partir do próximo ano 500 mil litros de água por hora para o polo – volume igual ao consumo de 100 mil habitantes. “Em 2013, atingiremos 900 mil litros, o suficiente para abastecer a cidade de Camaçari, onde estamos instalados”, diz Hortélio.
A água usada pela petroquímica para produzir etileno, propileno e outros insumos básicos é captada nos rios Joanes e Jacuípe, já castigados pelo estresse hídrico. De lá são bombeados 4,4 milhões de litros por hora, também destinados às demais indústrias do polo. “Não queremos depender dessa fonte cada vez mais utilizada pela população, inclusive da capital”, afirma o engenheiro. Ele completa: “passamos apertos na operação, durante os períodos de estiagem, quando as comportas da barragem que represa o rio precisavam ser abertas para abastecer Salvador”. Atualmente, a questão hídrica pesa na decisão de novos investimentos. O custo está cada vez mais alto e há poucas alternativas. “Explorar o lençol subterrâneo dentro de padrões sustentáveis é economicamente inviável na região.”
No Brasil, o consumo pelo setor industrial é de 69 mil litros por habitante ao ano, inferior ao índice chinês, de 71 mil litros. Os Estados Unidos chegam a 806 mil litros, segundo dados da Water Footprint Network, organização internacional que monitora a pegada hídrica das diferentes atividades econômicas.

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