sábado, 28 de maio de 2011

Torres mais altas elevam potencial de geração eólica

O Brasil tem potencial gerador para chegar a 300 mil MW ou 400 mil MW de energia eólica, de acordo com cálculos do Ministério de Minas e Energia, em função da altura das atuais torres dos aerogeradores de 80 e 110 metros. As projeções anteriores de 143 mil MW tinham como base torres de aerogeradores de 50 metros. Ou seja, o vento pode garantir de duas vezes e meia a três vezes mais da matriz energética instalada no país, que inclui todas as fontes de energia, superando inclusive o que pode ser alcançado com hidrelétricas, segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica).
Por enquanto, nos 44 parques eólicos em operação no Brasil, são gerados apenas 1.436 MW de energia, ou 1,3% da matriz energética. Essa capacidade é duas vezes e meia menor do que a gerada na Dinamarca com a força dos ventos (3.752 MW), de acordo com a lista dos Top 10 da Global Wind Estatistics (GWEC), na qual a China aparece em primeiro lugar com a geração de mais 42 mil MW.
A ABEEólica avalia, entretanto, que, por conta dos leilões de 2009 e 2010, a capacidade instalada eólica nacional aumentará pelo menos 3,6 vezes até 2014, quando poderá gerar 5.250 MW, que fariam sua participação na matriz energética passar para 5,3%. Segundo a entidade, 15 novas usinas em construção vão adicionar 533 MW à atual capacidade instalada. Nove delas (oito no Ceará com capacidade de 211,5 MW e uma no Rio Grande do Sul com 70 MW) tiveram financiamento de pouco mais de R$ 790 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Os investimentos em projetos de energia eólica no país, com entrada em operação prevista até 2013, somam R$ 25 bilhões. No BNDES, por exemplo, foram assinados ou estão em processo de assinatura, incluindo duas operações recém-aprovadas, 51 contratos de financiamento diretos e indiretos, no valor total de R$ 4,1 bilhões, para a implantação de 1.369 MW. Além dessas, outras 44 operações estão em análise, demandando recursos da ordem de R$ 3,3 bilhões. No total, as autorizações para investimentos em energia eólica, cujas construções não foram iniciadas, contemplam 134 projetos para geração de 3.600 MW.
“É um setor com perspectivas de crescimento extraordinário. E não custa lembrar que o Brasil precisa a cada ano algo em torno de 5 mil MW de energia a mais para atender a demanda”, diz Ricardo Simões, presidente da ABEEólica. “Investir em eólica é a mesma coisa que construir reservatórios virtuais”, destaca.
O entusiasmo no setor é tal que, há pouco mais de um ano, Jean Paul Prates, então secretário de Energia do Rio Grande do Norte e atual diretor-geral do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (Cerne), chegou a afirmar que o Estado tinha um potencial de geração eólica de 22 mil MW – mais de uma e meia Itaipu.
Embora a energia eólica seja vista como cara no Brasil, se comparada com os custos na Europa, o MW/h no leilão de dezembro de 2009 surpreendeu e chegou a R$ 148, valor 25% abaixo do teto estabelecido, e menor aos R$ 163 o MWh (ao câmbio atual), em média, na Alemanha nos últimos 20 anos, segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). No leilão de 2010, o preço médio do MWh caiu para R$ 141,00, valor considerado competitivo.
As perspectivas estimulam as empresas. A Wobben Windpower, pioneira e maior fabricante de aerogeradores no país, dobrou sua capacidade instalada. Em abril, inaugurou uma terceira unidade no Rio Grande do Norte. Ela se soma a outras duas, uma Sorocaba (SP) e outra em Pecém (CE).
“A Wobben está com 22 usinas para entregar no Brasil até 2012, e mais duas no exterior. Temos 600 MW para entregar até o próximo ano”, diz Pedro Angelo Vial, diretor-presidente da empresa, cujos aerogeradores atingem índice de nacionalização acima de 60%. Em 16 anos, a Wobben, cuja tecnologia é desenvolvida por sua matriz alemã Enercon GmbH, montou 21 usinas eólicas no Brasil.
A CPFL Energia, que no início de abril comprou por R$ 1,56 bilhão a Jantus SL, que possui o maior portfólio de parques eólicos em operação no Brasil, se uniu à Ersa Energias Renováveis S.A, na véspera da Semana Santa, para criar a CPFL Energias Renováveis. O presidente da CPFL Energia, Wilson Ferreira Jr., e o sócio do Pátria Investimentos, Otavio Castello Branco, afirmaram na ocasião que toda e qualquer aquisição, venda de energia em leilão ou em mercado livre que envolva fontes alternativas será feita pela nova empresa. Isso não vai tirar a CPFL, entretanto, da participação em grandes projetos hidrelétricos, que também são de energia renovável, e termelétricos.
A empresa receberá aporte de R$ 571 milhões. Segundo Ferreira Jr, os recursos serão investidos nos próximos dois anos. Entre 2012 e 2013, por exemplo, 13 parques eólicos que estão em construção devem entrar em operação. Entre eles, Santa Clara I, II, III, IV, V, VI e Euros VI, no Rio Grande do Norte. Todos devem entrar em operação a partir de julho de 2012. A de Campo dos Ventos II, também no RN, deve começar a operar em 2013.
Outros cinco parques no Rio Grande do Norte (Campo dos Ventos I, III, IV, V e Eurus V), que somam 150 MW de potência instalada para comercialização no mercado livre, terão início de construção assim que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorizar. Esses parques devem entrar em operação em 2013. Com isso, os 13 empreendimentos eólicos resultarão em uma capacidade instalada de 368 MW.
Somado à energia gerada pela Ersa, a CPFL Energias Renováveis espera gerar 1.978 MW em energia eólica nos próximos três a quatro anos. “Se todos os projetos forem certificados, passaremos a ser um dos maiores agentes de energias renováveis no mundo atual”, diz Ferreira Jr.

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