sábado, 28 de maio de 2011

Rio+20 deve achar meios de financiar tecnologias

Achim Steiner: “A economia verde embute muito mais oportunidades de gerar empregos do que o modelo atual”
A preparação da Rio+20, conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre desenvolvimento sustentável marcada para junho de 2012, ganha ritmo a partir de hoje, com a chegada ao Brasil do diretor executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Achim Steiner. Nos próximos cinco dias ele vai cumprir uma agenda intensa em que estão previstos encontros com os ministros do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e Relações Exteriores, Antônio Patriota.
Steiner, que é também subsecretário geral da ONU, vai participar ainda da reunião do Fórum Econômico Mundial na América Latina, de 27 a 29, no Rio. “É uma oportunidade única para mim e para o Pnuma de engajamento com o país sede da conferência e para encontrar os principais grupos, do governo, da sociedade e também do setor privado.”
O evento no Brasil, país onde viveu até os dez anos de idade, será o palco ideal, avalia Steiner, para acelerar e dar escala a um processo global de transição para uma economia verde, que emita menos carbono, seja mais amigável ao ambiente, otimize a eficiência no uso de recursos e ofereça meios de reduzir a pobreza e a desigualdade. “A conferência do Rio precisa examinar como a comunidade internacional pode criar um sistema que auxilie essa transição a partir da articulação de uma agenda clara para acesso a financiamento e a tecnologia.”
Para o diretor executivo do Pnuma, fazer com que novos padrões de produção ganhem escala é um movimento possível mesmo em um quadro de dificuldade para firmar acordos internacionais para enfrentar as mudanças climáticas. A seguir, os principais trechos da entrevista que ele concedeu, por telefone, de Nairóbi (Quênia), onde o Pnuma está sediado.
Valor: O Pnuma tem trabalhado o conceito de economia verde há cerca de dois anos e meio. Quais são os resultados alcançados até agora? Qual é o ritmo das mudanças?
Achim Steiner: O Pnuma começou o trabalho relacionado à economia verde com o objetivo específico de vincular, globalmente e localmente, o consumo de recursos e os padrões de poluição na economia hoje, de forma que as questões ambientais não representassem uma obstrução ao desenvolvimento, mas que sustentassem o desenvolvimento. Queríamos ligar as questões ambientais, da poluição à escassez de recursos, ao conceito de resultados sociais e econômicos. Nós precisamos que a economia global cresça para abrigar 2 bilhões de pessoas nos próximos 40 anos. E para a agenda do desenvolvimento sustentável precisávamos avançar do estágio de apenas resolver um problema após o outro para o foco da tomada de decisões, seja em relação aos consumidores, aos fabricantes ou ao governo. O conceito de economia verde é uma tentativa de fornecer exemplos; estudar, em diferentes partes do mundo, onde podemos achar essas transições menos poluidoras e mais eficientes em uso de recursos. Para nossa surpresa achamos muitos, muitos exemplos. Também era preciso achar projetos que tivessem ganhado escala e progredido, que não fossem apenas opções teóricas. E documentamos vários, o que nos fez acreditar que de fato a transição para uma economia verde começou em todas as partes do mundo. O problema é que elas ainda não estão abrigadas no ambiente ideal de políticas públicas e nós precisamos que elas ganhem escala, para que não permaneçam como simples experimentos.

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